Sabe aquela história que se repete em todos os lugares, onde as pessoas só fazem turismo em lugares que não são onde elas moram? Existem passeios que se diz ser "coisa de turista", sendo que as pessoas que moram no local nunca o fazem pois podem fazer tal passeio a hora que quiserem, mas essa hora nunca chega. Os turistas, por terem as horas contadas no lugar, acabam fazendo tais passeios. Nem todos valem a pena, é verdade, mas sempre tem um ou outro que acaba nos impressionando.
Faz diversos anos que eu tinha vontade de visitar a Ilha do Campeche, que fica cerca de 1.5km mar adentro, bem na frente da praia do Campeche. Nunca dava certo de eu fazer tal passeio, pois eu queria companhia, mas os seguintes fatores deixavam difícil encontrar alguém pra ir comigo: a pessoa teria que ter vontade e os fundos necessários (custa entre R$150 e R$200 por pessoa) e teria que ter disponibilidade durante a semana, pois fim de semana é cheio demais, ainda mais na alta temporada, que é quando eu normalmente estou no Brasil.
Desta vez finalmente deu certo! Esperei acabar a alta temporada, escolhi um dia de semana pra tirar folga do trabalho, e fomos eu e o André passar o dia nesta ilha que também é conhecida como o Caribe Brasileiro.
Pequisei bastante sobre a melhor forma de fazer o passeio, pois só se chega lá de barco. Como é uma reserva, o número de pessoas que podem acessar a ilha durante um dia é controlado. São algumas associações que possuem autorização de realizar este passeio. Uma sai da Barra da Lagoa, outra da Praia da Armação, e outra da praia do Campeche. É importante somente realizar o passeio com uma destas associações pra ajudar a preservar a reserva e garantir que os fundos pagos pra travessia tenham o percentual que vai ajudar na conservação da ilha.
Eu escolhi fazer o passeio com a que sai da praia do Campeche, pois são somente 5 minutos até chegar na ilha e a praia do Campeche é a de mais fácil acesso do centro. A travessia é feita num bote inflável, a motor, com capacidade para 6 passageiros, dirigido por marinheiros. Nas outras localidades pega-se um barco maior, com bem mais pessoas, e a travessia dura entre 45 min e 1h. Por causa da pandemia, quanto menos contato com outras pessoas, melhor.
Chegamos na praia do Campeche (fomos de uber, mas chegando cedo seria fácil encontrar estacionamento) pouco antes das 9 da manhã. Não é possível reservar lugar no barco, então é por ordem de chegada. Além disso, você quer chegar na ilha o mais cedo possível pra aproveitá-la antes de chegar os barcos que vêm das outras localidades. Caminha-se cerca de 200m pra direita do restaurante do Zeca e logo vê-se onde o bote está pegando passageiros. https://passeioparailhadocampeche.negocio.site/ Haviam 5 pessoas na nossa frente, então esperamos 10 minutos pra chegar nossa vez. Perguntei para o marinheiro se a travessia seria com emoção ou sem emoção. A resposta dele foi "com segurança". Ganhou meu respeito :)
5 minutos mais tarde desembarcávamos nas águas cristalinas da Ilha do Campeche, onde um dos guias locais nos dava instruções de como aproveitar nosso dia. É possível fazer trilha com guia e passeio de snorkel. Não pode subir nos costões de ambos os lados da ilha. Existe um restaurante na ilha e uma lanchonete (só aceitam dinheiro ou PIX).
Era um dia lindo de sol, e caminhando na areia branca até encontrarmos um local para passarmos o dia, de frente pro mar verde azulado, pensei que era mais um dos meus desejos realizados! Que privilégio!
Escolhemos um lugar bem a direita da ilha, onde árvores faziam o papel de guarda-sol natural praticamente o dia todo. Nós havíamos levado uma sombrinha conosco, mas nem chegamos a usá-la. Tudo o que eu queria era mergulhar naquele mar. A água não estava quente, mas estava refrescante para o dia de calor de 30 graus. Bastava acostumar o corpo um pouco com a temperatura da água e eu não queria mais sair dali. Fiquei um tempão nadando e caminhando pela ilha. Parecia que eu estava num lugar de filme, desses que a gente acha que nunca vai facilmente visitar.
Devo notar que o número de pessoas que visitaram a ilha naquele dia era muito maior do que eu esperava. Cada barco tem sua cota de passageiros, mas pode ser que acabem levando mais pessoas, e pode ser que barcos clandestinos operem também, mas lá pelo meio-dia a ilha estava bastante cheia, o que começou a deixar o passeio menos mágico a partis dali.
O André fez a trilha, mas eu fiquei lendo na sombra, na companhia dos quatis, até me dar fome. Eu devia ter levado um picnic ao invés de só uma maçã a nozes, então acabei almoçando no restaurante. A comida foi bastante decepcionante. Não cheguei a experimentar os lanches da barraca que vende sanduíche. Pra bebida gelada faz sentido comprar lá, mas pra comida recomendo se planejar e levar. Note que você precisa levar seu lixo de volta com você, pois lá não tem lixeira, algo normal nessas reservas de acesso mais difícil.
A trilha que o André fez foi até o outro lado da ilha e tinha vista bem bonita. Pode-se fazer a trilha de chinelo apesar de tênis ser recomendado. Outra dica é usar, além de protetor solar, chapéu ou boné e uma daquelas camisas de proteção do sol. Foi a melhor compra que eu fiz em muito tempo!
Ficamos na ilha até as 14hs, que é quando os botes e barcos começam a levar passageiros de volta. É permitido ficar na ilha até as 16horas.
Uma vez de volta no Campeche, paramos no restaurante do Zeca pra tomar um drink e comer uma casquinha de siri.
Agora, tenho as memórias deste passeio turístico pela minha terra natal, algo que recomendo a todxs que possam fazer.
Vídeo do passeio https://youtu.be/0LIPSkYOIjI