Tuesday 15 February 2022

Visita a Ilha do Campeche

 Sabe aquela história que se repete em todos os lugares, onde as pessoas só fazem turismo em lugares que não são onde elas moram? Existem passeios que se diz ser "coisa de turista", sendo que as pessoas que moram no local nunca o fazem pois podem fazer tal passeio a hora que quiserem, mas essa hora nunca chega. Os turistas, por terem as horas contadas no lugar, acabam fazendo tais passeios. Nem todos valem a pena, é verdade, mas sempre tem um ou outro que acaba nos impressionando.

Faz diversos anos que eu tinha vontade de visitar a Ilha do Campeche, que fica cerca de 1.5km mar adentro, bem na frente da praia do Campeche. Nunca dava certo de eu fazer tal passeio, pois eu queria companhia, mas os seguintes fatores deixavam difícil encontrar alguém pra ir comigo: a pessoa teria que ter vontade e os fundos necessários (custa entre R$150 e R$200 por pessoa) e teria que ter disponibilidade durante a semana, pois fim de semana é cheio demais, ainda mais na alta temporada, que é quando eu normalmente estou no Brasil.

Desta vez finalmente deu certo! Esperei acabar a alta temporada, escolhi um dia de semana pra tirar folga do trabalho, e fomos eu e o André passar o dia nesta ilha que também é conhecida como o Caribe Brasileiro.

Pequisei bastante sobre a melhor forma de fazer o passeio, pois só se chega lá de barco. Como é uma reserva, o número de pessoas que podem acessar a ilha durante um dia é controlado. São algumas associações que possuem autorização de realizar este passeio. Uma sai da Barra da Lagoa, outra da Praia da Armação, e outra da praia do Campeche. É importante somente realizar o passeio com uma destas associações pra ajudar a preservar a reserva e garantir que os fundos pagos pra travessia tenham o percentual que vai ajudar na conservação da ilha.

Eu escolhi fazer o passeio com a que sai da praia do Campeche, pois são somente 5 minutos até chegar na ilha e a praia do Campeche é a de mais fácil acesso do centro. A travessia é feita num bote inflável, a motor, com capacidade para 6 passageiros, dirigido por marinheiros. Nas outras localidades pega-se um barco maior, com bem mais pessoas, e a travessia dura entre 45 min e 1h. Por causa da pandemia, quanto menos contato com outras pessoas, melhor. 

Chegamos na praia do Campeche (fomos de uber, mas chegando cedo seria fácil encontrar estacionamento) pouco antes das 9 da manhã. Não é possível reservar lugar no barco, então é por ordem de chegada. Além disso, você quer chegar na ilha o mais cedo possível pra aproveitá-la antes de chegar os barcos que vêm das outras localidades. Caminha-se cerca de 200m pra direita do restaurante do Zeca e logo vê-se onde o bote está pegando passageiros. https://passeioparailhadocampeche.negocio.site/  Haviam 5 pessoas na nossa frente, então esperamos 10 minutos pra chegar nossa vez. Perguntei para o marinheiro se a travessia seria com emoção ou sem emoção. A resposta dele foi "com segurança". Ganhou meu respeito :)

5 minutos mais tarde desembarcávamos nas águas cristalinas da Ilha do Campeche, onde um dos guias locais nos dava instruções de como aproveitar nosso dia. É possível fazer trilha com guia e passeio de snorkel. Não pode subir nos costões de ambos os lados da ilha. Existe um restaurante na ilha e uma lanchonete (só aceitam dinheiro ou PIX).

Era um dia lindo de sol, e caminhando na areia branca até encontrarmos um local para passarmos o dia, de frente pro mar verde azulado, pensei que era mais um dos meus desejos realizados! Que privilégio!

Escolhemos um lugar bem a direita da ilha, onde árvores faziam o papel de guarda-sol natural praticamente o dia todo. Nós havíamos levado uma sombrinha conosco, mas nem chegamos a usá-la. Tudo o que eu queria era mergulhar naquele mar. A água não estava quente, mas estava refrescante para o dia de calor de 30 graus. Bastava acostumar o corpo um pouco com a temperatura da água e eu não queria mais sair dali. Fiquei um tempão nadando e caminhando pela ilha. Parecia que eu estava num lugar de filme, desses que a gente acha que nunca vai facilmente visitar.

Devo notar que o número de pessoas que visitaram a ilha naquele dia era muito maior do que eu esperava. Cada barco tem sua cota de passageiros, mas pode ser que acabem levando mais pessoas, e pode ser que barcos clandestinos operem também, mas lá pelo meio-dia a ilha estava bastante cheia, o que começou a deixar o passeio menos mágico a partis dali.

O André fez a trilha, mas eu fiquei lendo na sombra, na companhia dos quatis, até me dar fome. Eu devia ter levado um picnic ao invés de só uma maçã a nozes, então acabei almoçando no restaurante. A comida foi bastante decepcionante. Não cheguei a experimentar os lanches da barraca que vende sanduíche. Pra bebida gelada faz sentido comprar lá, mas pra comida recomendo se planejar e levar. Note que você precisa levar seu lixo de volta com você, pois lá não tem lixeira, algo normal nessas reservas de acesso mais difícil.

A trilha que o André fez foi até o outro lado da ilha e tinha vista bem bonita. Pode-se fazer a trilha de chinelo apesar de tênis ser recomendado. Outra dica é usar, além de protetor solar, chapéu ou boné e uma daquelas camisas de proteção do sol. Foi a melhor compra que eu fiz em muito tempo! 

Ficamos na ilha até as 14hs, que é quando os botes e barcos começam a levar passageiros de volta. É permitido ficar na ilha até as 16horas.

Uma vez de volta no Campeche, paramos no restaurante do Zeca pra tomar um drink e comer uma casquinha de siri. 

Agora, tenho as memórias deste passeio turístico pela minha terra natal, algo que recomendo a todxs que possam fazer.









Vídeo do passeio https://youtu.be/0LIPSkYOIjI

Wednesday 8 December 2021

De Boston a Floripa de carro - Parte 3

Ao desembarcarmos no aeroporto e Guarulhos, tudo o que eu queria saber era do Enee. Sair do avião, passar pela polícia federal, esperar as malas, nada disso me importava muito. Perguntei onde sairiam os animais e fiquei plantada ali na frente esperando o Enee aparecer.

No aeroporto também não haviam carrinhos na área de desembarque, o que normalmente não seria um problema, mas com a nossa bagagem desta viagem significava que ou eu ou André teríamos que dar um jeito de pegar pelo menos um desses carrinhos. Como o André estava esperando as malas, eu fui atrás de um, sempre de olho na esteira por onde o Enee sairia. Esperamos bastante tempo, cerca de 30 min, até a casinha dele sair pela esteira específica para desembarque de animais.



Ele estava assustado e morrendo de sede, apesar de termos deixado bastante água pra ele na casinha. Cortamos os lacres e deixamos ele sair. Dei bastante água e ele tomou como nunca. Estava a salvo conosco!

Passamos pela área de coisas a declarar, com a documentação dele toda pronta para inspeção. A pessoa que estava ali nos avisou que não havia ninguém da área da agricultura ali por ser muito cedo, e pediu que aguardássemos enquanto ele verificava que horas iriam chegar. Vimos o cara telefonar e logo ele veio nos fizer que não viria ninguém ali inspecionar a documentação nem o cachorro e que por isso poderíamos passar. Pois é, foram U$400 arrumando a documentação, stress e ver todos os detalhes, pra nada... mas, se não tivéssemos os documentos com certeza os teriam pedido.

Ficamos em São Paulo por 2 dias, na casa de uma grande amiga, que também tem cachorro. Eles não se deram muito bem no mesmo espaço, então nós resolvemos ir logo pra Floripa. De última hora reservei uma pousada num lugar do Paraná chamado Morretes, que aceitava cachorro. Foram cerca de 6 horas de viagem até lá, com pouco trânsito, Mesmo assim chegamos acabados... Mas a estrada da Graciosa, que liga a BR sul até Morretes tem paisagens lindas da Mata atlântica. Tem um passeio bastante famoso de trem entre Curitiba e Morretes, que não chegamos a fazer, que dizem ser bem legal.

Pro Enee esta pousada foi tudo de bom. Era um chalet com bastante espaço verde por todos os lados, pra ele correr. Tinha também a companhia de outros cachorros pra brincar. Era um lugar bem tranquilo.



No dia seguinte fomos fazer um passeio por uma cachoeira ali perto, onde o Enee nadou um pouco.



 Depois almoçamos no centrinho de Morretes, um lugar bastante charmoso, bastante preparado para receber os turistas que chegam de Curitiba pelo trem. Tem bastante restaurantes e lojas vendendos cachaça, artesanato local e comidinhas produzidas por ali.






Almoçamos num restaurante excelente bem na beira do rio, de nome Casa do Rio. Recomendo almoçar lá, numa das mesas exatamente "no rio", um tablado de madeira de onde se pode colocar os pés na água. O André comeu barreado, um prato de carne com farinha e banana, da culinária local, e eu comi camarão, se não me engano.

Logo foi hora de começarmos a viagem pra Floripa, que seria de cerca de 6:30hs. A paisagem não tinha nada de interessante no caminho, então continuamos a ouvir o audiobook da Michelle Obama até chegarmos de Floripa, já de noitinha. Foi um alívio ver a Ponte Hercílio Luz toda iluminada pro natal. Logo estávamos na casa dos meus pais, a quem não via desde 2020 quando começou esta maldita pandemia. Chegamos cansados, mas bem. O Enee dormiu na cama da minha mãe, de tão cansado.

Enee com meu sobrinho Gabriel


 https://youtu.be/3GAaXp7LJ-0

Friday 3 December 2021

De Boston a Floripa de carro - Parte 2

O próximo dia de viagem seria o mais comprido de todos, e sem eventos nem visitas interessantes. Foram 9 horas dentro do carro e mais de 600km de Washington DC até a Georgia, passando por Virginia e as Carolinas do Norte e do Sul.

É bastante interessante ver a mudança não só nas paisagens e clima a medida que "descíamos", mas também nas lojas, supermercados, atitude e jeito de se vestir das pessoas. Na Carolina do Sul, o número de negros parece ser maior que o de brancos, o que eu não sabia ser o caso. Eles têm, infelizmente, bastante problemas graves com racismo.

A pernoite foi num hotel qualquer no sul da Geórgia, sendo que na manhã seguinte começamos cedo a viagem até Orlando, na Flórida. Resolvemos tomar café da manhã e Savannah, o que não fazia parte do nosso roteiro, mas como estávamos ha 20 minutos de lá, resolvemos conhecer. Valeu a pena, pois é uma cidade com um centrinho bastante charmoso. O parque Forsyth é lindo, com carvalhos gigantescos, cobertos de barbas-de-bode, que formam alamedas charmosas ladeadas de barraquinhas de comidas locais, pessoas passeando com cachorros, praticando esportes, aproveitando o dia de sol e clima ameno. Compramos um café pra beber enquanto andávamos pelo parque, admirando tudo, inclusive as lindas casas vizinhas ao parque, todas muito antigas e típicas com varandas no segundo andar, decoradas com cadeiras de balanço e samambaias.






Perto de Jacksonville paramos num parque de cachorros fantástico, chamado Dog Wood Park of Jacksonville, com bastante espaço cercado por onde cachorros correm livres e soltos. Tem um lago pra eles nadarem, uma mini-floresta e diversos brinquedos e campos. O Enee amou! Ele merece depois de ter passado tanto tempo dentro do carro.

Lago do parque dos cachorros


Mas tivemos que prosseguir viagem, em direção a Melbourne, onde nossa amiga Fabíola nos esperava na casa dela com o marido e o filho. Os 2 cuidaram do Enee pra nós diversas vezes durante viagems, quando eles moravam em Massachusetts. Foi bom revê-los.

No dia seguinte nosso objetivo era cansar o Enee em preparação pra viagem de avião. Eu fiquei um tempão procurando uma praia que aceitasse cachorro. Achei no Google a tal Canova Beach Park, perto de Melborne. Chegando lá, pra nossa decepção, apesar de cachorros poderem ficar na praia, eles não podem ficar soltos, o que era completamente inútil pro nosso objetivo. Resolvemos meio que ignorar isso e nos afastamos das pessoas pra jogar uma bola pra ele correr na areia. Pra não exagerar, não ficamos tanto tempo quanto gostaríamos. Depois almoçar num restaurante na beira do mar bem legal (comida nem tanto), fomos pra casa arrumar as coisas e dar banho no Enee em prepação pra viagem.



Chegamos no aeroporto de Orlando cerca de 3 horas antes do vôo pra fazer o check-in. O que demorou foi o processamento do pagamento da taxa pra levar cachorro (até agora não sei por que). O aeroporto de Orlando é um lixo, devo dizer. Impossível achar carrinhos pra bagagem, ficava tocando um alarme ensurdecedor o tempo inteiro, o que era irritante e assustava o Enee, o pessoal da Latam não fala português e mal fala inglês (não falar inglês é inaceitável), o que dificultou a comunicação quando a incompetente da mulher que nos acompanhou até o TSA pra eles verificarem a casinha de viagem do Enee nos falou que já era tarde e não poderíamos viajar com ele. O cara da TSA falou pra ela (que possivelmente não entendeu) que caso fosse fora de horário o supervisor dela poderia ligar pra um determinado número pra que viesse alguém o TSA atender, e que ela deveria saber disso. Mas com a cara de tonta dela, nunca vai ser capaz de atender alguém com o mínimo de inteligência.




Bom, cachorro embarcado, só nos restou nós nos dirigirmos até o portão de embarque, já na hora de entrar no avião. Uma vez lá dentro. pedimos pra aeromoça confirmar com o piloto que o Enee estava a bordo, o que ela o fez. Nos restou então tentar relaxar e tentar dormir.

Vídeo desta parte da viagem https://youtu.be/pj36zMpqU1k

Wednesday 1 December 2021

De Boston a Floripa de carro - Parte 1

Por onde começo meu relato desta viagem, pela incepção, pelo planejamento, ou conto somente da viagem em si? Diferentemente das viagens anteriores, esta foi tão difícil decidir e planejar  que parece injusto não explicar os obstáculos pelos quais passamos e como resolvemos cada um.  

Por que decidimos ir ao Brasi ainda durante a pandemia?

Nosso visto de entrada dos EUA precisava ser renovado. O visto que nos permite estar e trabalhar nos EUA é valido até 2023, mas sem o visto de entrada (são coisas diferentes diferentes) estávamos "presos" lá. Se saíssemos, não entrávamos de novo. Renovar o visto de dentro dos EUA é possível, mas é um processo bastante demorado, durante o qual não podemos sair do país. Outra opção seria ir para um país com consulado, mas as instruções passadas para nós pelos advogados de imigração é que o façamos ou do nosso país natal, ou de algum país onde tenhamos vínculos fortes (como Inglaterra, por exemplo, de onde já fizemos este processo de renoação). Renovar este visto no Brasil fazia sentido pra gente, pois já aproveitamos pra ver nossas famílias.

Por causa da pandemia, o tempo de processamento do visto era incerto, poderia levar 2 semanas ou mais. De repente 2 meses. Por isso resolvemos levar o Enee conosco para o Brasil. Como deixá-lo por 2 meses?

Viajar de avião com cachorro não é coisa simples. Passei diversas semanas pesquisando tudo o que era necessário para levá-lo conosco: certificados de vacinação, certificado de saúde internacional, exigências da USDA, da CDC, as autoridades brasileiras, da empresa aérea, quanto tempo de antecedência da viagem cada documento deveria ser produzido e por quanto tempo são válidos.

Planejamos nossa viagem de forma que pudéssemos fazer de carro os trechos onde fosse possível pra deixar a viagem menos estressante pro Enee, e aí já aproveitávamos pra conhecer alguns lugares dos EUA, esse país gigante como o Brasil.

Nosso roteiro foi Washington DC, South Carolina, Orlando, São Paulo, Paraná, Florianópolis, em cerca de 8 dias. Orlando a São Paulo foi feito de avião com a Latam. 

Muitas pessoas fazem a viagem de Massachusetts até Orlando de carro em 2 dias, mas nós não queríamos passar mais que 8 horas dentro do carro num mesmo dia. 

Já havíamos conversado sobre visitar Washington DC numa outra oportunidade, mas não rolou. Desta vez era caminho, então fazia sentido conhecer a capital deste país controverso e fascinante. O carro estava lotado com 4 malas grandes, duas malas pequenas e a casinha do Enee (onde ele viajaria pro Brasil). A viagem de carro foi longa, cerca de 8:30hs, com paradas estratégicas para esticar as pernas e comer alguma coisa. Nossa trilha sonora durante a viagem foi o audiobook da Michelle Obama.

No carro em direção a DC

Chegamos de noite em DC e fomos direto pro hotel, de onde o André e Enee saíram pra passear pro cachorro descansar do carro.



No dia seguinte de manhã fomos direto visitar a biblioteca do congresso, para a qual eu tinha antecipadamente reservado ingressos online. 
Hall da biblioteca do congresso

A entrada é gratuita, mas a sala de leitura (ao lado), que é bem bonita, não é parte da visita. Digo, pode-se vê-la de cima, mas não se pode ir dentro da sala de leitura. Existem vários elementos da história americana lá dentro, como o fundador, em quais circunstâncias ela foi fundada, exposições, etc. Foi o único prédio em DC que visitamos de dentro. São tantos museus e coisas pra ver, que facilmente poderíamos ter passado diversos dias lá.

Voltamos ao hotel pegar o Enee e passamos o resto do dia caminhando pelas principais áreas de DC, como o Capitólio (fechado para visitação desde a tentativa de golpe de Janeiro 2021), os prédios ao redor como os diversos ministérios. Todas as construções são bastante imponentes.

A próxima parada foi a Casa Branca, que só pudemos ver de trás porque o campo na frente dela estava fechado devido a um evento que aconteceria mais tarde, de acender as luzes de natal da árvore que fica na frente dela.

Tivemos bastante sorte com o clima, pois foi um dia de sol e temperatura bastante amena, cerca de 17 graus. inclusive passei um pouco de calor. O bom foi que ao contrário da alta temporada, não havia multidões por todos os lugares, então deu pra nós conhecermos tudo com calma e bater fotos "limpas".









Passamos pelo memorial da segunda guerra, o memorial do Lincoln, do Martin Luther King, do Roosevelt (com o cachorro dele fazendo parte do memorial - foi o meu preferido!), do Thomas Jefferson, passamos pelo parque na frente do museu Smithonian (não entramos), chegando de novo na frente do Capitólio já de noitinha, vendo tudo iluminado pelas das luzes do entardecer, incluindo a árvore de natal ali na frente.



Depois de ter passado o dia caminhando, o Enee desabou na cama e não queria saber de mais nada a não ser descansar, igual a nós. E assim, nos despedimos de Washington DC. 


Vídeo da parte 1 da viagem   https://youtu.be/yeariEH3iq0

Wednesday 30 September 2020

Novos ares no verão da pandemia

 O acampamento de verão da minha empresa não aconteceu este ano. Ou melhor, aconteceu de forma diferente. Como todos, a minha empresa está tentando se adaptar e usando a criatividade pra promover interação segura entre os funcionários durante o verão. Mandaram para cada funcionário uma caixa pra casa de cada um com um “kit acampamento de quarentena”. No meu veio uma rede, uma camiseta branca com um kit de Tie Dye, e um livro de colorir com desenhos relacionados a impressão 3D. Quem quisesse podia entrar no Zoom num determinado dia pra sessão de abrir as caixas ao mesmo tempo.

Esta foto minha foi usada em material de marketing da minha empresa. Modelo :D

 Durante o mês de setembro participei das programadas por eles, todas realizadas ao ar livre. Eu me inscrevi em todas! Pela primeira vez fiz o tal de Tie Dye, onde amarra-se camisetas de uma determinada forma dependendo do tipo de desenho que se deseja fazer na camiseta, molha-se a camiseta e depois usa-se tintas de cores diferentes (ou da mesma cor) para colorir a camiseta. Esta atividade foi realizada no estacionamento da minha empresa. Não havia muita gente, mas foram algumas pessoas que eu conhecia, algumas que fazem Tie Dye desde criança (eu nunca havia ouvido falar até recentemente) e elas me ajudaram com o básico. Uma vez pronta a “arte”, coloca-se a camiseta num saquinho onde ela deve ficar por 8 horas. Depois tira-se o excesso de tinta e lava-se na água quente. Feito isso a tinta fica na camiseta a longo prazo.

Meu kit tie-dye


Num final de semana participamos de um hike organizado como parte do “acampamento”  no Arnold Parker Forest. Havia cerca de 20 pessoas no nosso grupo de hiking e fizemos uma caminhada pela floresta de cerca de 1:20 de duração. Não foi uma caminhada bonita, mas foi legal fazer alguma coisa ao ar livre com outras pessoas da empresa. O Enee, como sempre, foi o centro das atenções. Ficava correndo de um lado pro outro, subia em pedras, entrava no lago pra nadar, pedia carinho, enfim, uma diversão. Participei também numa sessão pelo zoom de como fazer pickles (que já esqueci como fazer) e por último eu e o Enee fomos no picnic, que marcou fim das atividades ao ar livre organizadas pela empresa.


Eu e André com as camisetas Tie-dye que eu havia feito        Hiking com o pessoal da empresa 



Nas vezes em que sentíamos que precisávamos de ares diferentes visitamos algum lugar aqui por perto mesmo. Um dia fomos passear no centro de Boston com o Enee, caminhando pelo Boston Common. 

Passeando pelo Boston Common

Outros dias fazíamos trilhas curtas nas reservas aqui perto de casa mesmo. São 2 lagos que ficam menos de 5 minutos de distância daqui de casa, com trilhas ao redor deles. A caminhada em loop ao redor de um deles ficou praticamente nossa caminhada diária, que servia de exercício pra mim, que estava finalmente conseguindo aos poucos, voltar a atividade física normal depois dos meus poblemas de saúde do ano anterior.

Duas das trilhas ao redor dos lagos aqui perto de casa


Fomos também pra Cambridge, pros lados onde moramos por 1 ano, pra passear pelos parques que constumávamos levar o Enee pra passear quando ele era puppy. Além disso, todo fim de semana fazíamos uma trilha com o Enee em algum lugar com lago, pois a atividade preferida dele é nadar. Basta ver um lago que ele já entra pra nadar.

Picnic em Danebury Park, Cambridge    Enee saindo do Fresh Pond, em Cambridge


Diria que conseguimos participar de uma boa variedade de passeios seguros este verão de pandemia.

https://youtu.be/Q3SRiaUOA9Q

















Monday 7 September 2020

Primeira vez num kayak

Aqui nos EUA as instruções são claras: não ficar em lugar fechado com outras pessoas, usar máscara, manter distância. Isso não significa ficar trancado em casa (como o CDC mesmo falou), mas sim escolher atividades de baixo risco. Foi o que fizemos durante todo verão, pois queríamos aproveitar a estação de forma segura. Uma das atividades que experimentamos fazer foi andar de caiaque.

Labour day, ou Dia do Trabalho, é o feriado que marca o fim do verão nos Estados Unidos, celebrado no começo de setembro. A partir deste dia o clima de verão já não está mais presente no norte do país, onde as temperaturas começam a ficar amenas na casa dos 19-20 graus, os dias começam a encurtar e começa-se a ver pelas lojas decoração de Halloween e temas outonais.

Neste feriado nós demos sorte com o clima, pois todos os dias têm sido de sol e temperatura de 25 graus. Ainda de isolamento social por causa do COVID-19 resolvi marcar alguma atividade ao ar livre e marquei de fazermos kayaking. O André já havia andado de kayak diversas vezes e eu nunca me empolguei, mas pensei que seria um passeio diferente para o qual poderíamos levar o Enee junto.

Boston e Cambridge têm diversas empresas que oferecem aluguel de kayaks e nós fomos numa chamada “Boston Paddle”. O website, apesar de simples, é bastante organizado e eficiente. Mostra as localidades com horários ainda disponíveis (cada aluguel é de 3hs) e efetua-se o pagamento de forma segura no site mesmo. O aluguel de um kayak pra duas pessoas custou U$52, incluindo tax. A nossa localidade de preferência teria sido Cambridge, mas já estava lotada. Escolhemos então Allston, no sul de Cambridge.


O dia estava perfeito pra fazer tal passeio, pois o sol não estava muito quente e o vento era pouco. O local tem estacionamento gratuito e um kiosk onde faz-se o check-in. Era obrigatório estar de máscara e manter distância das demais pessoa na curta fila e todos respeitavam, o que é importante. Os coletes salva-vidas dos humanos eram limpos e fornecidos por uma pessoa de máscara. O Enee tinha o colete salva-vidas dele que nós havíamos comprado há pouco tempo. Uma vez vestidos foi a nossa vez de sentar-se no kayak. Quem tem mais força é melhor sentar-se atrás, que é onde tem mais espaço também. O André foi atrás e eu na frente com o Enee. Tinha mais espaço para as pernas do que eu havia imaginado, e foi tranquilo levar o Enee e mochila com algumas coisas. Eu vesti uma roupa meio enjambrada (não sou “caiaqueira” profissional), mas o objetivo era estar o mais confortável possível no caso de cairmos na água. Usei uma calça a prova d´água (comprada na Nova Zelândia), sapatos de praia (comprados na Croácia pra poder andar nas praias de pedra do Mediterrâneo), e uma blusa de manga comprida de academia. Nossas coisas estavam dentro de sacos plásticos vedados dentro de uma mochila de tecido sintético. Se caíssemos estaríamos preparados! Boné e protetor solar nas partes expostas ao sol também foram parte da preparação.

O único que chegou perto de cair foi o Enee. No começo ele estava tremendo de nervoso, pois era tudo novo pra ele, mas logo já se acostumou e ficava olhando tudo e caminhando pelo kayak. Às vezes ficava latindo tentando pegar um dos remos, ou tentava tomar a água do rio de dentro do barco (quase caindo). Ele queria ficar no meu colo, o que deixava complicado eu remar, mas não me importei tanto pois o André fez a maior parte do trabalho duro no remo. Aos poucos fui me inteirando e comecei inclusive a tentar coordenar nossos movimentos dentro do barco para que remássemos em sincronia. Passamos na frente de Harvard e chegamos até perto da Boston University, com o intento de chegar até a Esplanade para fazer um picnic. Só que àquela altura já estávamos remando a uma hora e resolvemos mudar de plano para aproveitar o passeio ao invés de fazer picnic com pressa. Na ida estávamos a favor do vento, o que significa que na volta estaríamos contra o vento e por isso cansaríamos mais depressa. Fomos remando bem devagar no caminho de volta, parando às vezes para ver o cenário ao nosso redor. Ao passarmos embaixo de uma das várias pontes do trajeto gritávamos para ouvir o eco da nossa voz, que por causa da acústica embaixo da ponte ampliava a voz. Dividíamos o rio com pequenos iates e outros barcos motorizados, além de diversos outros caiaques e remadores que pareciam ser profissionais. Lembrei-me de quando eu assistia as corridas de remo de Oxford vs Cambridge no Tâmisa, quando morava em Londres.

O Enee fez o maior sucesso! Todo mundo que passava olhava e sorria ao vê-lo de colete amarelo fosforescente todo feliz dentro do kayak.

Ficamos 2:15 no passeio, o que foi suficiente para esse primeiro dia. Antes de voltar pra casa nós fomos fazer nosso picnic em Danehy Park, o parque que fica ao lado da casa onde moramos em Cambridge. As mesas de picnic na sombra estavam tomadas já, mas achamos uma que fica bem no topo da elevação no meio do parque, que tem uma vista bonita pra vegetação rasteira selvagem que tem do outro lado. Eu havia preparado pra mim uma salada de folhas com ovo, grão de bico, cenoura, tomate e pepino. O molho de azeite e vinagre estava a parte pra eu colocar na hora. Guardei a salada numa lancheira cooler com um saquinho com gelo em gel pra ficar fresca. Estava deliciosa! Ainda tinha levado nozes salgadas. Foi um almoço muito bom, ao lar livre.


Em casa ainda tive fôlego de lavar os dois carros por dentro e por fora, enquanto o André terminou de pintar o teto da sala. Depois ficamos na no deck do jardim tomando um drink pra terminar um dia fantástico. 

Gostamos tanto do passeio que duas semanas depois resolvemos repetir, desta vez escolhendo a localidade de Medford, onde tem o Mystic river. Confesso que gostei bem mais deste passeio. Era bem mais tranquilo e a beleza da paisagem já outonal estava de tirar o fôlego. O rio era bem mais calmo, não haviam tantas pessoas e foi bastante agradável, tanto que ficamos mais tempo no passeio. O Enee a essa altura já estava altamente confiante e andava pelo caiaque, a ponto de ficar em pé na ponta hahaha






https://youtu.be/l9LETOsFz_w

Visita a Ilha do Campeche

 Sabe aquela história que se repete em todos os lugares, onde as pessoas só fazem turismo em lugares que não são onde elas moram? Existem pa...