Quando eu acho que acabei de me preocupar com a burocracia americana, eis que surge algo novo. A última coisa que me estressou com burocracia e ineficiência foi tirar carteira de motorista aqui em Massachusetts.
Na Nova Zelândia eu tive que fazer teste prático de motorista, o que fazia sentido, já que lá é mão inglesa e minha carteira de motorista era do Brasil, onde dirigimos do lado direito (o lado certo, por sinal, se bem que essa opinião varia de acordo com o país onde a pessoa aprendeu a dirigir hehehe), portanto queriam saber se eu sabia dirigir no lado esquerdo da rua. Não vou dizer que foi a coisa mais tranquila do mundo, lembro de algumas coisas estressantes (com a máquina velha que usaram pra fazer meu teste de visão e queriam me reprovar. Tive que protestar e pedi pra usar outra máquina), mas nada comparado com aqui.
Na Inglaterra eu simplesmente troquei a carteira da Nova Zelândia pela Britânica, sem problema algum.
Aqui eu tive que fazer uma prova teórica e uma prova prática. Parece razoável, mas existem muitas particularidades envolvidas que significam que não é.
Pra prova teórica, temos que estudar um manual de 180 páginas, que contém tudo quanto é tipo de informação, que não necessariamente cai na prova, o qual não faz sentido algum decorar. Entretando, não existe nenhum tipo de conteúdo pra ser focado na prova, com o RMV (a entidade de Massachusetts que emite carteiras de motorista) dizendo que tem que estudar tudo o que tem lá. Por exemplo, o tipo de penalidade que menores de 18 anos (aqui pode-se tirar carteira provisória com 16) tem se fizerem isso ou aquilo (não são poucas as penalidades), ou então que tipo de licensa seu carro precisa ter (dá pra pesquisar na internet quando vai licenciar o carro, não precisa cair na prova). Fiquei 2 semanas estudando o tal manual, e juntando a papelada toda. Precisa do numero da seguridade social, passaporte com visto, o I-94 (um papel nada a ver que tenho que apresenter sempre, por ser estrangeira), e mais trocentas coisas. Pra fazer a prova teórica não é necessario agendar, você vai num escritório do RMV (dá pra ver no site deles os lugares onde dá pra fazer a prova), pega uma senha, e espera ser chamada. Vão conferir a papelada toda e se estiver tudo certo, você vai numa salinha com computadores e responde 25 questões. Se acertar 18, você passa. Da primeira vez que eu fui não consegui fazer a prova, pois o meu nome estava errado no cartão da seguridade social. Eu tinha esse cartão fazia uns 6 meses, mas não sabia que o nome estava errado. Isso porque americano tem manis de colocar sobrenome antes do nome, e era assim que estava no meu cartão. Achei que fosse coisa de americano. Entretanto, o correto era ter o meu primeiro nome antes do sobrenome, como se faz no Brasil. Rejeitaram minha papelada e falaram pra eu mandar refazer o cartão. Lá volto eu pra seguridade social, lugar pro qual espero não ter que entrar de novo. Acho que nem relatei aqui, mas da primeira vez que fui fazer o cartao da seguridade social, fui na filial do centro de Boston e fiquei 2 horas (literalmente) na fila esperando ser atendida, pra chegar na minha vez falarem que estava faltando papel. Isso que eu conferi de acordo com o site deles antes de ir. Na segunda tentativa cheguei bem cedo, de manhã, e fui atendida mais rápido, mas por uma pessoa com extrema má vontade, que ficou reclamando que meu nome era muito comprido pro cartão, e que ela ia ter que mandar um pedido pra Nova York pra mudar meu nome pra caber no cartao e que por isso ia demorar pra recebê-lo. Foi aquela burra incompetende que achou que meu sobrenome era meu nome, erro que só quem é muito ignorante poderia cometer. Mas voltando ao assunto, fui numa outra filial da seguridade social, a de Cambridge, e fui bem melhor atendida. Em 2 dias estava com o cartão novo em mãos, que foi quando voltei ao RMV pra fazer a prova teórica.
Passando na prova, vc volta no guichê da atendente, que te dá um papel, que é o seu driving permit. Com ele, você pode dirigir aqui, desde que tenha alguém com mais de 21 anos, que tenha carteira americana há mais de 1 ano, no carro com você. É ÓBVIO que eu não fazia isso, e continuava dirigindo com a carteira britânica.
Eu queria tirar essa carteira o mais rápido possível, então assim que tirei o permit, tentei marcar a prova prátia, que precisa de agendamento prévio.
É possível marcar a prova pelo site do RMV, entretanto adivinhem se o formulário aceitava meu sobrenome? É óbvio que não cabia, pois americano só tem 1 sobrenome. Tive então que ligar pro RMV e esperar 20 minutos pra ser atendida. Isso foi no começo de janeiro. E adivinha pra quando tinha prova prática? Pros lugares perto de Cambridge, onde moro, não tinha disponibilidade nenhuma pelos próximos 2 meses, que é a antecedêcia máxima pra marcar a prova. Tive que marcar pra um lugar bem longe, 30 min de carro da minha casa, pro dia 8 de março!! Mas marquei. Aí tive que tentar achar um sponsor, que é uma das particularidades pra tirar carteira aqui em Massachusetts, que outros estados nao pedem. O sponsor é alguém com mais de 21 anos, que tenha carteira americana ha mais de 1 ano. Essa pessoa tem que sentar atrás de você durante o teste. Pra um adolescente de 16-18 anos, faz sentido. mas pra um adulto que já dirige há vários anos, o qual a lei permite que dirija com carteira estrangeira por 1 anos, é absolutamente ridículo! Combinei com uma menina do trabalho, e ela concordou em ir comigo. Ah, e claro que o teste só pode ser feito dia de semana, entre 9 e 5 da tarde, então serão 2 adultos que precisarão sair do trabalho pra isso.
E foram se passando os dias de inverno, deprimentes como eles são, e no dia 8 de março caiu a maior tempestade de neve dos últimos anos. Todos os testes de direção foram cancelados. O RMV simplesmente fecha em dia de nevasca, não tem atendimento telefônico.
Depois de 1 mês e meio de espera, simplesmente tive que recomeçar a espera do zero. Liguei diversas vezes pro RMV e era impossível falar com eles no telefone. Só tocava uma mensagem gravada dizendo que estavam ocupados demais pra atender (óbvio, depois te não terem trabalhado no dia da neve, ia acumular mais trabalho), independente do horário que eu ligava.
Eu entrava no website deles pra tentar visualizar minhas informações (que eu conseguia fazer depois do que cara havia marcado meu teste inicial), e simplesmente o site não funcionava mais.
Aí veio o agravante. O site deles tinha um alerta especial falando que a partir de 26 de março, pra poder tirar carteira, é necessário apresentar visto válido por pelo menos 12 meses. Meu visto vence final de fevereiro de 2019, ou seja, menos de 12 meses a partir de agora. O plano é renovar o visto, entretanto só pode fazer isso 6 meses antes do visto vencer. Ou seja, eu estava sujeita a não poder dirigir legalmente até conseguir renovar o visto. Como eu iria renovar o seguro do carro? Como eu iria pro trabalho todo dia? Iria arriscar ser multada ou até deportada (vai saber o que fariam, com esse clima anti-estrangeiro que assola esse país)?
Mandei email pro RMV pedindo confirmação dessa minha interpretação da mensagem no site deles.
Comecei então a ligar pra auto escolas, pois eles compram todas as vagas pra testes. Falei com várias, e nenhuma tinha disponibilidade pra uma prova prática recente. Além disso, cobram mais de $200 pra "te dar uma aula" antes da prova e aconselhar se eu estaria ou não preparada pra fazer a prova. Quando mandei todo mundo pro inferno.
Aí fico sabendo que o RMV iria fechar do dia 23 ao dia 26 de março pra implantar um sistema de informática novo, então se eu não fizesse a prova em 1 semana, já era....
Depois de 1 semana tentando falar com eles no telefone, resolvi tentar usar o atendimento telefônico automatizado, que nunca conseguia achar minhas informações. Não tinha esperança, pois o site continuava dando erro. Só que achou minhas informações e vi que tinha disponibilidade pra um teste de direção na semana seguinte, perto da minha casa. Marquei. Depois vi que havia previsão de tempestade de neve bem naquele dia, o que possivelmente significa que alguém cancelou o teste por causa dessa previsão, e por isso consegui a vaga.
Resolvi arriscar e deixar o teste marcado, uma quinta-feira, dia 22. Acabou que a previsão não se concretizou, e a neve que caiu de manhã era pouco e logo parou. Fui pegar minha amiga no escritório (eu trabalhei de casa aquele dia) e fomos até Watertown pra eu fazer a prova.
Não tinha quase ninguém lá, e haviam 3 caras numa salinha onde dizia Road Tests. Entreguei meu application form e meu permit, e minha amiga entregou a carteira de motorista dela, e ele mandou eu levar meu carro até um determinado lugar atrás do escritório do RMV pro teste começar.
Tive que desligar todas os sensores que o carro tem (carro americado é sempre moderno, com sensor pra tudo, o que facilita bastante a vida do motorista, devo dizer). A câmera que dá visão atrás do carro na hora de dar a ré não tem como desligar, então tive que colar um papel por cima.
O cara pediu pra eu ligar o indicador pra direita, depois esquerda, engatar a ré, e mostrar os sinais com o braço (isso tem no manual da prova teórica), e perguntou se eu já tinha carteira. Falei que sim e ele quis saber há quanto tempo, e quando falei 20 anos ele deu uma risadinha.
Me mandou então ligar o carro e seguir em frente, depois entrar a direita, e numa rua quieta tive que fazer a volta com o carro, e depois dar a ré por uns 20 metros. O importante é sempre olhar por cima do ombro pra dar a ré ou pra entrar a direita e esquerda, e não somente nos espelhos, senão te reprovam. Vale a pena dar uma olhada nuns vídeos do youtube sobre que tipo de coisa vão pedir pra vc fazer. Dependendo de quem você pega na prova, pode ser alguém que vai tentar te reprovar por qualquer coisa, mesmo vendo que você sabe dirigir (aconteceu com minha amiga). No meu caso o cara foi bem tranquilo, e em 5 minutos o teste havia acabado.
Consegui fazer o teste no último dia antes do deadline pras novas regras! Aí depois, no mesmo dia, chega email do RMV, em resposta ao meu, falando que o importante é o visto ter sido emitido por mais de 12 meses, e não que seja válido 12 meses a partir da data do teste. Oh well...
Agora tenho que esperar chegar a carteira no correio. Sei nao, do jeito que são, capaz de não chegar dentro do prazo e eu ter que me incomodar de novo.
Inclusive, eu tava lendo um artigo no Boston Globe, de 2012, que falava justamente da demora pra conseguir testes de direção, e o fato de que o sistema de informática é ineficiente. Em 6 anos, nada havia mudado. Vamos ver se esse novo sistems vai ajudar em algo...
Minha conclusão é que serviço públio nos Estados Unidos é tão ruim, incompetente, desagradável e ineficaz quanto no Brasil.
Update: A carteira chegou pelo correio 9 dias depois. Até que essa parte não foi tão mal assim.
Thursday 29 March 2018
Friday 23 March 2018
O inferno é um lugar frio
O inverno em Boston é um inferno. Um inferno frio. Eu tenho certeza que o inferno é um lugar gelado. Como Boston no inverno passado.
Foi meu primeiro inverno aqui, e não vou ficar falando das coisas maravilhosas do inverno, pois elas não existem. Não tenho mais saco de ir esquiar, não me interessa ficar embaixo das cobertas, odeio absolutamente tudo sobre o inverno. Na Inglaterra eu já odiava quando nevava e achava o frio inconveniente o suficiente. Mal sabia eu que um dia iria estar morando num lugar onde o inverno é extremo.
Do começo de Dezembro até o fim de Abril estava frio. Frio de usar gorro e casado pesado. Só que o casaco que eu usava em Londres, da Northface, não dá nada no frio daqui. O André me deu de presente (antes de eu ter começado a trabalhar) o casaco mais quente que conseguimos achar nas lojas, de uma marca chamada Canada Goose. Eu preferiria ter comprado algo que não tivesse nada de animal, mas nenhuma das demais opções era tão quente quanto o casaco dessa marca. Escolhi uma opção que não usa pele (não existe desculpa pra usar pele!!!), mas que usa pena de animais que já estavam mortos. Menos mal.
Esse casaco foi minha salvação. Além dele, comprei botas acolchoadas pra neve e outras roupas térmicas. Mesmo assim, ficar na rua por mais de 15 minutos quando a temperatura está -15 graus é, pra mim, impossível.
Diversas vezes tive que sair com o Enee pra levá-lo no parque aqui do lado de casa pra ele dar uma volta e fazer as necessidades, e logo tinha que voltar correndo pra casa de tanta dor nas mãos, que por mais que eu usasse duas luvas, chegava a doer de tanto frio. E eu ainda tenho a síndrome de raynaud, para a qual o frio é bem perigoso. Só pra minha cabeça mesmo ter aceitado vir morar aqui.
Tivemos diversos meses com temperatura máxima de -10 graus. Máxima. Pensa nisso. A hora mais quente do dia tinha temperatura de -10 graus.
Ah, e a neve... Tivemos diversas tempestades de neve. Foi uma tempestade grande no começo de janeiro, logo depois de termos chegado da Flórida, e aí a neve parou até março. Mas em março ela voltou com tudo. Foi MUITA neve no começo de março. Eu juro que tentei ficar positiva, tanto que no vídeo deste post eu estou tentando ver o lado interessante e diferente de viver em um lugar com inverno rigoroso, mas devo confessar esse estado de espírito durava pouco.
O Enee gosta da neve. Ficava enterrando a cabeça na neve tentando cheirar o chão e gostava de ficar pulando de um lado pro outro, parecendo um coelho. Teve um dia que saí com óculos de esquiar, pois senão não dava pra enxergar nada de tanta neve que caía. Fora o vento forte, que cortava a pele.
Eu odeio neve e odeio frio. Não tinha mais roupa pra usar no trabalho (como se vestir de forma elegante usando trocentas camadas de roupa??). Por semanas, não fazia nada que não fosse entrar no carro pra ir de casa pro trabalho e do trabalho pra casa ou pra academia.
È verdade que vi o sol aqui mais vezes do que eu teria visto se estivesse em Londres (o sol não aparece em Londres no inverno), mas simplesmente não existe vida fora de casa durante o inverno em lugares como Boston. Sinto falta de Londres. Não gosto do inverno de Boston.
https://youtu.be/JcYHNwgRq1g
Foi meu primeiro inverno aqui, e não vou ficar falando das coisas maravilhosas do inverno, pois elas não existem. Não tenho mais saco de ir esquiar, não me interessa ficar embaixo das cobertas, odeio absolutamente tudo sobre o inverno. Na Inglaterra eu já odiava quando nevava e achava o frio inconveniente o suficiente. Mal sabia eu que um dia iria estar morando num lugar onde o inverno é extremo.
Do começo de Dezembro até o fim de Abril estava frio. Frio de usar gorro e casado pesado. Só que o casaco que eu usava em Londres, da Northface, não dá nada no frio daqui. O André me deu de presente (antes de eu ter começado a trabalhar) o casaco mais quente que conseguimos achar nas lojas, de uma marca chamada Canada Goose. Eu preferiria ter comprado algo que não tivesse nada de animal, mas nenhuma das demais opções era tão quente quanto o casaco dessa marca. Escolhi uma opção que não usa pele (não existe desculpa pra usar pele!!!), mas que usa pena de animais que já estavam mortos. Menos mal.
Esse casaco foi minha salvação. Além dele, comprei botas acolchoadas pra neve e outras roupas térmicas. Mesmo assim, ficar na rua por mais de 15 minutos quando a temperatura está -15 graus é, pra mim, impossível.
Enee na porta de casa
Diversas vezes tive que sair com o Enee pra levá-lo no parque aqui do lado de casa pra ele dar uma volta e fazer as necessidades, e logo tinha que voltar correndo pra casa de tanta dor nas mãos, que por mais que eu usasse duas luvas, chegava a doer de tanto frio. E eu ainda tenho a síndrome de raynaud, para a qual o frio é bem perigoso. Só pra minha cabeça mesmo ter aceitado vir morar aqui.
Tivemos diversos meses com temperatura máxima de -10 graus. Máxima. Pensa nisso. A hora mais quente do dia tinha temperatura de -10 graus.
Ah, e a neve... Tivemos diversas tempestades de neve. Foi uma tempestade grande no começo de janeiro, logo depois de termos chegado da Flórida, e aí a neve parou até março. Mas em março ela voltou com tudo. Foi MUITA neve no começo de março. Eu juro que tentei ficar positiva, tanto que no vídeo deste post eu estou tentando ver o lado interessante e diferente de viver em um lugar com inverno rigoroso, mas devo confessar esse estado de espírito durava pouco.
O Enee gosta da neve. Ficava enterrando a cabeça na neve tentando cheirar o chão e gostava de ficar pulando de um lado pro outro, parecendo um coelho. Teve um dia que saí com óculos de esquiar, pois senão não dava pra enxergar nada de tanta neve que caía. Fora o vento forte, que cortava a pele.
Eu odeio neve e odeio frio. Não tinha mais roupa pra usar no trabalho (como se vestir de forma elegante usando trocentas camadas de roupa??). Por semanas, não fazia nada que não fosse entrar no carro pra ir de casa pro trabalho e do trabalho pra casa ou pra academia.
È verdade que vi o sol aqui mais vezes do que eu teria visto se estivesse em Londres (o sol não aparece em Londres no inverno), mas simplesmente não existe vida fora de casa durante o inverno em lugares como Boston. Sinto falta de Londres. Não gosto do inverno de Boston.
https://youtu.be/JcYHNwgRq1g
Foto engraçada
Saturday 3 March 2018
Procurando e encontrando um emprego em Boston
Uma das coisas que mais me estava frustrando aqui em Boston era a procura de emprego. Desde que saí do Brasil nunca tive grandes problemas em encontrar emprego na área de tecnologia. É uma área com bastante demanda e eu sou muito boa no que faço.
Eu via vários problemas com Boston neste quesito:
- o mercado daqui é bem menor comparado com Londres
- pra área de tecnologia que eu queria trabalhar, as opções aqui são bem limitadas
- a cultura de contratação daqui faz com que procurar emprego exija dedicação em tempo integral.
- Boston tem mercado bom pra quem quer trabalhar em start-ups, pois está cheio delas. Só que a maior parte dessas empresas só querem programadores e eu não tenho mais saco de só ficar programando.
- As grandes empresas que tem time de arquitetura pra tecnologia são na área farmacêutica ou de seguros e pedem que os candidados tenham experiência nessas áreas pra serem considerados, o que não é meu caso.
- As empresas de recrutamento daqui são COMPLETAMENTE INÚTEIS. Se em Londres já era difícil lidar com recrutadores, aqui é uma verdadeira perda de tempo.
Em setembro eu havia mandado meu currículo pra um museu que estava a procura de arquitetos de tecnologia. Em outubro, quando estava visitando o Brasil, entraram em contato querendo me entrevistar. Assim que cheguei de volta em Boston já fui na entrevista. Gostaram muito de mim, e o cara que seria meu chefe falou que eu era a única candidata qualificada pra fazer o que ele queria. Parecia promissor. 2 semanas depois voltei lá pra entrevistar com RH e fiz uma entrevista técnica com o resto do time. 2 semanas passaram e eu não havia tido mais noticias deles. Estava toda empolgada pra ir trabalhar lá e criar soluções tecnológicas pros problemas deles! Fiquei esperando contato e nada... mandei email falando que estava entrevistando em outras empresas e nada...
Estava indo a Meet-ups de tecnologia, que sempre tem gente procurando candidatos, inclusive ia me oferece pra dar um talk numa dessas sessões de Meet-up, mandei mensagem pra foruns de arquitetura, entrei em contato direto com pessoas desse fórum, inclusive encontrei um deles em pessoa pra um café, e mesmo assim nada.
Em dezembro eu recebo uma mensagem no linkedIn de um cara de uma empresa de impressão 3D. Não levei fé, mas claro que respondi a mensagem e marcamos uma conversa por telefone. A conversa foi bem promissora, com eles bem interessados no meu perfil e eu, com mais detalhes do que eles fazem e do tipo de trabalho para o qual procuravam candidatos, interessada na empresa.
É uma empresa jovem, que começou no MIT. Tem até um filme no Netflix sobre impressão 3D, onde mostram o CEO dessa empresa e as instalações em Sommerville, parte da grande Boston.
Assisti o filme no fim de semana, e na semana seguinte recebi um email deles com um exercício pra eu resolver e apresentar na entrevista em pessoa.
Fiquei 4 dias resolvendo o exercício, pesquissando e documentando minha resolução da melhor forma qu eu sabia, além de mandar perguntas pra eles sobre coisas que não estavam claras. Queria que a minha resoluçao fosse a melhor que eles recebessem.
No dia da entrevista me surpreendi, pois fui entrevistada por 6 pessoas, incluindo o CEO da empresa, que apareceu no filme. Eles todos gostaram de mim, e vários me falaram que a minha resolução foi a melhor que a empresa já recebeu praquele exercício. Todo o esforço valeu a pena. Me fizeram uma oferta de emprego lá mesmo! Aceitei 2 dias depois, e avisei o museu que estava fora do mercado. Ficaram super desapontados, mas reconheceram que a demora em seguir adiante foi erro deles.
Comecei a trabalhar dia 20 de dezembro, logo antes do natal. Culturalmente, a empresa é o oposto de todos os lugares que eu trabalhei em Londres: pessoas bem jovens, cultura bem relax, pode usar a roupa que quiser, não tem que bater cartão (sempre odiei fazer isso), servem almoço 3 vezes na semana, com opção saudável, além de frutas, nozes, petiscos e refri a vontade durante o dia. Tem até choppe a vontade. O horário de trabalho é flexível, pode trabalhar de casa se precisar e não tem limite de férias: entregando o trabalho pode tirar férias, o que não é comum aqui nos EUA, onde a maioria das pessoas consegue 1 ou 2 semanas de férias depois de alguns anos na empresa
O trabalho é bem legal, misturando o lado técnico com arquitetura. Programo às vezes, mas faço bastante reunião com outras áreas do negócio e faço a arquitetura das solucões deles.
Estou bem feliz com meu novo emprego! A longa espera não poderia ter resultado melhor! E pra completar os benefícios, pode levar cachorro pro escritório!!! O Enee já foi várias vezes comigo, e fica lá deitado na caminha dele enquanto eu trabalho. A cada 2 ou 3 horas levo ele pra sair e fazer as necessidades dele (o que confesso que no frio negativo não é fácil!), e inclusive participa de reuniões comigo.
Meus colegas são bem simpáticos, e volta e meia tem alguma atividade. Essa semana teve patinação no gelo e karaoke, que foi bem divertido.
Agora é mão na massa e mostrar serviço! Como é bom levantar todo dia com vontade de chegar logo pra trabalhar!
Enee com um dos meus colegas de trabalho
Meus colegas são bem simpáticos, e volta e meia tem alguma atividade. Essa semana teve patinação no gelo e karaoke, que foi bem divertido.
Agora é mão na massa e mostrar serviço! Como é bom levantar todo dia com vontade de chegar logo pra trabalhar!
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