Aqui nos EUA as instruções são claras: não ficar em lugar fechado com outras pessoas, usar máscara, manter distância. Isso não significa ficar trancado em casa (como o CDC mesmo falou), mas sim escolher atividades de baixo risco. Foi o que fizemos durante todo verão, pois queríamos aproveitar a estação de forma segura. Uma das atividades que experimentamos fazer foi andar de caiaque.
Labour day,
ou Dia do Trabalho, é o feriado que marca o fim do verão nos Estados Unidos,
celebrado no começo de setembro. A partir deste dia o clima de verão já não está
mais presente no norte do país, onde as temperaturas começam a ficar amenas na
casa dos 19-20 graus, os dias começam a encurtar e começa-se a ver pelas lojas
decoração de Halloween e temas outonais.
Neste
feriado nós demos sorte com o clima, pois todos os dias têm sido de sol e temperatura
de 25 graus. Ainda de isolamento social por causa do COVID-19 resolvi marcar
alguma atividade ao ar livre e marquei de fazermos kayaking. O
André já havia andado de kayak diversas vezes e eu nunca me empolguei, mas
pensei que seria um passeio diferente para o qual poderíamos levar o Enee junto.
Boston e Cambridge
têm diversas empresas que oferecem aluguel de kayaks e nós fomos numa chamada “Boston
Paddle”. O website, apesar de simples, é bastante organizado e
eficiente. Mostra as localidades com horários ainda disponíveis (cada aluguel é
de 3hs) e efetua-se o pagamento de forma segura no site mesmo. O aluguel de um kayak
pra duas pessoas custou U$52, incluindo tax. A nossa localidade de preferência
teria sido Cambridge, mas já estava lotada. Escolhemos então Allston, no sul de
Cambridge.
O dia
estava perfeito pra fazer tal passeio, pois o sol não estava muito quente e o
vento era pouco. O local tem estacionamento gratuito e um kiosk onde faz-se o
check-in. Era obrigatório estar de máscara e manter distância das demais pessoa
na curta fila e todos respeitavam, o que é importante. Os coletes salva-vidas dos
humanos eram limpos e fornecidos por uma pessoa de máscara. O Enee tinha o
colete salva-vidas dele que nós havíamos comprado há pouco tempo. Uma vez
vestidos foi a nossa vez de sentar-se no kayak. Quem tem mais força é melhor sentar-se
atrás, que é onde tem mais espaço também. O André foi atrás e eu na frente com
o Enee. Tinha mais espaço para as pernas do que eu havia imaginado, e foi
tranquilo levar o Enee e mochila com algumas coisas. Eu vesti uma roupa meio enjambrada
(não sou “caiaqueira” profissional), mas o objetivo era estar o mais
confortável possível no caso de cairmos na água. Usei uma calça a prova d´água
(comprada na Nova Zelândia), sapatos de praia (comprados na Croácia
pra poder andar nas praias de pedra do Mediterrâneo), e uma blusa de manga
comprida de academia. Nossas coisas estavam dentro de sacos plásticos vedados dentro
de uma mochila de tecido sintético. Se caíssemos estaríamos preparados! Boné e
protetor solar nas partes expostas ao sol também foram parte da preparação.
O único que chegou perto de cair foi o Enee. No começo ele estava tremendo de nervoso, pois era tudo novo pra ele, mas logo já se acostumou e ficava olhando
tudo e caminhando pelo kayak. Às vezes ficava latindo tentando pegar um dos
remos, ou tentava tomar a água do rio de dentro do barco (quase caindo). Ele
queria ficar no meu colo, o que deixava complicado eu remar, mas não me importei
tanto pois o André fez a maior parte do trabalho duro no remo. Aos
poucos fui me inteirando e comecei inclusive a tentar coordenar nossos movimentos
dentro do barco para que remássemos em sincronia. Passamos na frente de Harvard
e chegamos até perto da Boston University, com o intento de chegar até a
Esplanade para fazer um picnic. Só que àquela altura já estávamos remando a uma
hora e resolvemos mudar de plano para aproveitar o passeio ao invés de fazer picnic
com pressa. Na ida estávamos a favor do vento, o que significa que na volta
estaríamos contra o vento e por isso cansaríamos mais depressa. Fomos remando
bem devagar no caminho de volta, parando às vezes para ver o cenário ao nosso
redor. Ao passarmos embaixo de uma das várias pontes do trajeto gritávamos para
ouvir o eco da nossa voz, que por causa da acústica embaixo da ponte ampliava a voz. Dividíamos o rio com pequenos
iates e outros barcos motorizados, além de diversos outros caiaques e remadores
que pareciam ser profissionais. Lembrei-me de quando eu assistia as corridas de
remo de Oxford vs Cambridge no Tâmisa, quando morava em Londres.
O Enee fez
o maior sucesso! Todo mundo que passava olhava e sorria ao vê-lo de colete amarelo
fosforescente todo feliz dentro do kayak.
Ficamos 2:15
no passeio, o que foi suficiente para esse primeiro dia. Antes de voltar pra
casa nós fomos fazer nosso picnic em Danehy Park, o parque que fica ao lado da
casa onde moramos em Cambridge. As mesas de picnic na sombra estavam tomadas
já, mas achamos uma que fica bem no topo da elevação no meio do parque, que tem
uma vista bonita pra vegetação rasteira selvagem que tem do outro lado. Eu
havia preparado pra mim uma salada de folhas com ovo, grão de bico, cenoura,
tomate e pepino. O molho de azeite e vinagre estava a parte pra eu colocar na
hora. Guardei a salada numa lancheira cooler com um saquinho com gelo em gel
pra ficar fresca. Estava deliciosa! Ainda tinha levado nozes salgadas. Foi um
almoço muito bom, ao lar livre.
Em casa
ainda tive fôlego de lavar os dois carros por dentro e por fora, enquanto o
André terminou de pintar o teto da sala. Depois ficamos na no deck do jardim
tomando um drink pra terminar um dia fantástico.
Gostamos tanto do passeio que duas semanas depois resolvemos repetir, desta vez escolhendo a localidade de Medford, onde tem o Mystic river. Confesso que gostei bem mais deste passeio. Era bem mais tranquilo e a beleza da paisagem já outonal estava de tirar o fôlego. O rio era bem mais calmo, não haviam tantas pessoas e foi bastante agradável, tanto que ficamos mais tempo no passeio. O Enee a essa altura já estava altamente confiante e andava pelo caiaque, a ponto de ficar em pé na ponta hahaha
https://youtu.be/l9LETOsFz_w