Monday 25 December 2017

Primeiro natal na América do norte

Devo já ter comentado aqui que temos alguns conhecidos que moram relativamente perto (pra padrões de Estados Unidos), os quais gostaríamos de visitar durante nossa estadia neste país. Aproveitamos pra fazer isso neste natal, pois é muito melhor passar festas com pessoas que conhecemos. Passamos então o natal com um casal de amigos brasileiros, lá de Floripa.
Este casal de amigos mora em Syracuse, norte do estado de Nova York. Eles são médicos, um pesquisador e ela patologista, e moraram no Canadá por alguns anos, viraram cidadãos canadenses, e metade do ano passado a mulher teve uma oferta de emprego de um hospital de Syracuse. O Canadá está reformando a área de saúde e, segundo este casal, os empregos pra área médica lá não estão lá essas coisas. Vieram de mala e cuia com a filha de 4 anos e compraram uma casa linda e gigante em Syracuse.
Syracuse foi uma cidade bem proeminente no passado, mas parece que nos anos recentes teve o mesmo problema de Detroit no sentido de que não haviam empregos e por consequência as pessoas foram deixando a cidade. Isso fez com que o preço das casas lá seja bem abaixo de outros lugares, e nossos aimgos falaram que foi um dos motivos que conseguiram comprar uma casa como aquela (que falaram custou a mesma coisa que o apartamento de 2 quartos onde moravam em Toronto).
Não cheguei a ver a cidade durante nossa estadia lá, primeiro porque ela foi curta, e depois porque durante o inverno o melhor é não se atrever a ficar fora de casa por muito tempo.
A viagem de Boston até Syracuse normalmente dura 4:30-5. Tivemos que fazer esta viagem embaixo de chuva e neve, portanto com cuidado redobrado e velocidade reduzida e muitos pontos, e a viagem durou mais de 6 horas.
A caminho de Syracuse. Enee dormindo na caminha dele durante a viagem

Saímos cedo de casa e chegamos lá eram mais de 3 da tarde. Foi muito bom ter pessoas tão agradáveis e queridas a nos receber, com tanta fartura de comida e bebida e espaço!
A casa deles lembra aquela do filme Esqueceram de mim. Todas as peças são bem grandes: cozinha, 3 salas, escritório, área de serviço, 4 quartos no andar superior, basement gigante, garagem, um backyard muito bom. Fiquei muito admirada e feliz por vê-los num lugar tão legal.
Naquela noite fomos todos ver um jogo de hockey de 2 times locais. Eu adorei, pois sempre quis ver um jogo de hockey e nunca havia ido! O amigo do André entende bastante das regras do jogo e estava me explicando como funciona. Apesar de eu gostar de assistir, confesso que não sei as regras. Ao vivo conseguimos ver bem mais coisas que acontecem do que vendo na TV. É um jogo muito rápido e não tem como capturarem tudo o que acontece.
Comemos cachorro quente e eu fiquei observando as pessoas torcerem pelo time local, aprendendo e absorvendo um pouco mais da cultura americada e sua paixão por esportes.

Eu, Clarissa e a pequena Rose no jogo de hockey em Syracuse

Não ficamos até o fim do jogo, pois eu estava doente (novidade) e todo mundo estava também meio cansado.
No dia seguinte, véspera de natal, ficamos em casa mesmo, taking it easy. A Clarissa tem um piano de verdade e eu fiquei um tempão tocando. Adoro tocar piano de verdade! Ela também toca, e muito bem por sinal.
A pequena Rose, um doce de criança, simplesmente ama o nosso cachorrinho Enee. Ela quer ficar com ele o tempo inteiro. Entretanto ele ainda é um cachorro criança e é muito agitado e cheio de energia, então tinha que ou deixá-lo preso ou ficar monitorando os 2 o tempo inteiro. Aconteceram alguns pequenos acidentes, como ele fazer xixi no tapete da cozinha, e arranhar um pouco o rostinho da Rose. Fiquei me sentindo mal com esses dois incidentes, mas os nossos amigos levaram de boa. Isso que eu ficava o tempo inteiro de olho nele, bastava 30 segundos de distração pra ele sair correndo com algum brinquedo na boca (perigoso dele ingerir) ou fazer algo que não deve. Mas o Enee adorou correr pelos salões da mansão, ainda mais porque aqui em casa é tudo tão apertado...
A ceia de natal foi parte feita em casa e parte comprada num restaurante. O peru que o Juarez fez estava muito gostoso e foram muitas piadas sobre esse peru hahaha
Um casal de amigos da Clarissa passaram a ceia de natal conosco. Eles haviam se mudade ha pouco pra Syracyse e não conhecem muitas pessoas lá. A conversa foi bem agradável e todos comemos bastante. Eu me abstive de álcool por estar doente, mas os grandes amigos tomaram a vontade e ficaram conversando até altas horas. Nem sei que horas foram dormir.
Noite de vérspera de Natal

No dia de natal a pessoa mais empolgada era a pequena Rose, com uma árvore de natal cheia de presentes, sendo a maioria obviamente pra ela. Ela e a Clarissa acordaram super cedo, e eu e o André ainda estávamos dormindo. O Enee vendo o movimento começou a chorar, então a Rose, depois de ter aberto um presente dela, foi lá levar todos os presentinhos do Enee pra ele parar de chorar, a coisa mais querida! A Clarissa filmou e nos contou.
Foi meu primeiro white Christmas, ou seja, tudo branco de neve. Havia nevado bastante no dia anterior, e estava tudo cheio de neve. É uma paisagem boa pra quando vai se ficar só em casa, sem comprisso de sair. Eu só saía pra levar o Enee pra passear lá fora, mas precisava se encapotar até não dar mais. A Rose sempre ia junto pra passear com o Enee, então era sempre uma festa na neve com aqueles dois.
Enee e Rose passeando


Eu na frente da casa dos nossos amigos, toda encapotada pra aguentar o frio

Nosso almoço foram sobras da ceia da noite anterior, como é comum em natal brasileiro, e parece que a comida fica melhor ainda no dia seguinte eu acho.
Infelizmente precisamos retornar a Boston naquele mesmo dia, pois dia 26 eu tinha que trabalhar. A viagem de volta foi bem mais tranquila e bem mais rápida, pois o dia estava ensolarado e sem neve.
Foi uma ótima combinação de viagem, visita a amigos e natal.
A Clarissa me contou que a Rose deu nome de Enee Rose para o pônei de brinquedo que ela ganhou no natal hahahaha

Alguns vídeos do passeio: https://youtu.be/2QZPtVOwJ10

Sunday 17 December 2017

Contagem regressiva para o natal

Dezembro aqui tem sido bem focado no natal, como é de se esperar. Realmente natal combina mais com o frio do hemisfério norte, quando as luzes de natal fazem toda a diferença pra ajudar a alegrar as pessoas.
Aqui também é comum as empresas fazerem uma grande festa de natal (assim como em qualquer lugar). Como ainda não estou trabalhando eu estava triste de não ter festa pra ir, mas acabou que fui convidada pra ir na festa de natal da empresa do André.
É uma empresa grande, que tem bastante dinheiro, então a festa seguiu esta mesma linha. Foi realizada no hotel Four Seasons, no centro de Boston.
Teve um coquetel no começo, seguido de um leilão de diversas coisas interessantes, como ingressos pra show, fins de semana em casa de praia, ingressos pra algum jogo imporante, lição de culinária, com o dinheiro arrecadado indo pra instituições de caridade. Foi interessante, mas demorou muito, muito MUITO. No fim eu não aguentava mais... foram 1:30 de um dos chefões gritando num microfone, super empolgado (já comentei sobre a empolgação americana em outro post).
Festa de natal da empresa do Andre

A janta estava muito gostosa, com várias opções de comida, e foi a oportunidade de conversar com as pessoas. A esposa do chefe do André me contou que ela não gosta da festa por causa desse leilão, mas que os chefões precisam marcar presença lá, então pra eles não tem como escapar.
O bom foi que decidimos ir de carro (eu não bebi pra dirigir na volta) e usamos o serviço de valet deles pra estacionar. Entendi como mulher rica consegue ir de salto bem vestida em todo lugar, pois não precisam ficar procurando estacionamento e depois caminhar até a festa. Elas são deixadas na porta da festa! Quem dera eu pudesse sempre usar esse serviço de valet pra tudo!

Eu na festa de natal da empresa do André

Num dos finais de semana antes de natal nós fomos até uma cidade no norte, no estado do Maine, chamada Kennebunkport famosa por ter um clima natalino legal. Lá encontramos o James e a Katherine, que foram passar o fim de semana nesta cidade. A cidade é realmente bem charmosa, com um centrinho pequeno, mas todo enfeitado. Tem uma árvore de natal bem grande no meio, enfeitada com lagostas, símbolo desta parte dos Estados Unidos se não me engano.
O Enee fez o maior sucesso, todo mundo queria encostar nele. Uma coisa que percebemos e outras pessoas confirmaram é que lá as pessoas gostam de se aproximar e conversar. Estávamos num bar e um casal também com um cachorro começou a conversar conosco e ficamos os 6 no maior papo. Até trocamos telefone e o casal nos convidou pra ir na casa deles, que fica na beira de um lago no estado de New Hampshire, passear no barco deles.
Fiquei bem surpresa com a simpatia das pessoas lá, e todos nos falaram que em Boston as pessoas são mais fechados. Se bem que acostumada com a Inglaterra, em Boston eu ainda acho todo mundo mais aberto do que em Londres.


Kennebunkport

Sunday 10 December 2017

O que acho de Boston por enquanto

Faz pouco mais de 3 meses que estou morando em Boston. Neste post vou relatar algumas coisas que aprendi sobre a vida aqui, as quais ainda estou tentando me adaptar. Vale lembrar que o modo de vida a que estou acostumada, a cultura com a qual de identifico não são do Brasil, do qual saí faz mais de 10 anos, mas sim da Europa**. Por isto, minha avaliação de Boston não será em nada parecida com a avaliação de quem saiu do Brasil e veio direto pra cá.

Dizem que Boston é uma boa porta de entrada nos Estados Unidos para pessoas acostumadas com o estilo de vida europeu. Isso porque não é uma cidade como a maioria das cidades americanas: 
- é cosmopolita e razoavelmente internacional. Harvard e MIT possuem muitos estudantes e pesquisadores estrangeiros.
- a arquitetura da cidade, comparado com a maioria de outras cidades americanas, é parecida com a arquitetura da europa.
- as pessoas, no geral, são mais liberais, tolerantes e de mente aberta (tanto é que aqui a maioria das pessoas não votou pro Trump).
Admito que mesmo assim minha adaptação não está sendo fácil. Sinto muita falta de Londres e da vida na Europa. 

- A arquitetura daqui não é nada demais na minha opinião. Os prédios não são tão bonitos ou charmosos como os das capitais européias. 
- As ruas de Boston são confusas, estreitas, os motoristas são mal educados. Tem muito trânsito. Isso é igual nas capitais européias, então não é nenhuma vantagem. Neste quesito uma outra cidade dos EUA seria melhor que Boston.
- As casas não são muito maiores do que as de Londres, não são bem insuladas como eu achei que fossem ser e custam tanto quanto as de Londres. Neste quesito uma outra cidade dos EUA seria melhor que Boston.
- O custo de vida aqui é muito alto. Gastamos bem mais aqui do que gastávamos em Londres, mesmo convertendo dólares pra libras. 
- Aqui as pessoas vivem catando cupons pra ter desconto. Super mercados e lojas espalham cupons em aplicativos, jornais, revistas e na internet. Aí fica todo mundo catando esses malditos cupons pra tentar conseguir um preço melhor. O problema é que esses cupons tem várias regras, e vc às vezes se pega tendo que dirigir por 30 min só pra usar um cupon. Não vale a pena! Além disso, quando se trata de comida, os cupons só servem pra porcarias, como comida congelada pronta, e nunca tem nenhum pra frutas e vegetais.
- Super mercados são grandes e com prateleiras forradas de lixo. Você precisa procurar muito bem pra comprar comida de verdade. Americano, no geral, come mal, por isso tem tanta gente obesa aqui. Toda e qualquer comida é cheia de açúcar, sal, carne cheia de antibiótico, frutas e verduras cheias de veneno. Compramos frutas e vegetais orgânicos e normalmente fico meia-hora nas prateleiras vendo os rótulos pra achar produto que não seja acúcar puro e que não custe uma fortuna. 
- Comida saudável é mais cara. Tá certo que isso é o caso na Inglaterra também, mas lá as regras sda União Européia são pra valer com relação a comida e o que pode e não pode colocar de veneno o que é muito melhor pra saúde das pessoas. Aqui o lobby das grandes corporações é nocivo e prejudicial.
- Saúde aqui é ABSURDAMENTE cara. É absolutamente inadmissível que custe tanto. Muitas pessoas vão a falência quando idosas pra poder pagar tratamento de saúde. Por que alguém defende este tipo de sistema é algo que nunca vou compreender (só que isso não acho que tenha que ser  100% gratuita pra todos)
- Gorjetas: eu ODEIO dar gorjeta. Nunca gostei. Adorava isso quando morava na Nova Zelandia, pois lá gorjeta simplesmente não é parte da cultura. Nem em restaurante se dá gorjeta lá, já está tudo incluído no preço. Em Londres sempre dava 10-12% quando ia comer fora. Aqui o mínimo que se deixa é 20%. Quando você vai num restaurante e vê o preço da comida, pode até achar razoável. Não se engane, pois aquele preço não tem imposto e nem gorjeta, então coloque pelo menos 30% a mais em cima. Quero retocar as luzes no cabelo e fique sabendo que aqui é preciso dar gorjeta pra cada pessoa que encosta no seu cabelo no salão, é mole? Sim, eu sei que as pessoas que trabalham nos estabelecimentos mencionados têm um salário muito baixo e vivem das gorjetas, só que ou os donos do estabelecimento deveriam ser obrigados a pagar salário mínimo pra todos, ou então na lista de preço coloquem o preço total do produto ou serviço, incluindo a gorjeta. Pagar gorjeta como aqui é algo que eu nunca vou me acostumar.
- Falta de entendimento do resto do mundo e patriotismo extremo: Mais da maioria dos americanos não possui passaporte. Pra um país rico, eu achcava isso meio estranho, mas recentemente entendi o porquê disso. Este país é grande e variado. Existem milhares de atraçõs interessantíssimas pra ver por toda a sua extensão. Isso juntado ao fato de que férias aqui são mínimas, acaba que os americanos viajam por aqui mesmo. O ruim disso é que eles não entendem por que alguém queira viajar pelo mundo, pois acham que tudo o que é daqui é melhor, ficando assim obcecados pelo país deles. Vivem dizendo que é o melhor país do mundo, não se importam com outro países e outras pessoas que não sejam americanos (pra ser justa, aqui em Boston isso não é um problema grande, é muito pior no resto do país). A bandeira americana está por todo e qualquer lugar: casas, lojas, roupas, carros, etc etc. Eu acho isso um exagero e já cansei de ver a bandeira já. Uma coisa  é ser patriota, outra é ser obcecado e arrogante.
- Americano é muito empolgado. Empolgado demais. Adoram dar gritinhos de entusiasmo pra absolutamente tudo. Há muito tempo atrás, quando era intercambista nos EUA, admirava essa empolgação, mas agora acostumada ao jeito dos britânicos, eu a acho exagerada e desnecessária.

Coisas boas daqui? Aqui vê-se mais o sol do que em Londres e as pessoas são mais abertas, conversam com estranhos (ingleses não fazem isso!). Por enquanto é isso que consigo pensar de vantagem.

Deu pra perceber que não estou empolgada de estar morando aqui, mas estou tentando me adaptar, juro que estou. Em 2 semanas começo a trabalhar (escrevo num outro post sobre a frustração de procurar emprego aqui comparado com Londres) e de repente consigo gostar mais de Boston e dos Estados Unidos depois de me socializar e me integrar melhor na sociedade daqui.
Vai ser interessante eu reler este post dentro de 8 meses ou 1 ano pra ver se mudei de opinião com relação a alguma coisa que escrevi aqui.

Mas o melhor é que se nada mudar, posso ir embora, tendo dezenas de países pra escolher. Essa liberdade é um alívio.

**Se você é uma daquelas pessoas que acha que "estou me achando" por falar isso, pode sair do meu blog. Esta é a minha realidade, a vida que eu escolhi pra mim e consegui construir, então não vou fingir que sou algo que não sou pra agradar os outros. Comentários não bem-vindos com relação a isto serão apagados.


Visita a Ilha do Campeche

 Sabe aquela história que se repete em todos os lugares, onde as pessoas só fazem turismo em lugares que não são onde elas moram? Existem pa...