Wednesday 8 December 2021

De Boston a Floripa de carro - Parte 3

Ao desembarcarmos no aeroporto e Guarulhos, tudo o que eu queria saber era do Enee. Sair do avião, passar pela polícia federal, esperar as malas, nada disso me importava muito. Perguntei onde sairiam os animais e fiquei plantada ali na frente esperando o Enee aparecer.

No aeroporto também não haviam carrinhos na área de desembarque, o que normalmente não seria um problema, mas com a nossa bagagem desta viagem significava que ou eu ou André teríamos que dar um jeito de pegar pelo menos um desses carrinhos. Como o André estava esperando as malas, eu fui atrás de um, sempre de olho na esteira por onde o Enee sairia. Esperamos bastante tempo, cerca de 30 min, até a casinha dele sair pela esteira específica para desembarque de animais.



Ele estava assustado e morrendo de sede, apesar de termos deixado bastante água pra ele na casinha. Cortamos os lacres e deixamos ele sair. Dei bastante água e ele tomou como nunca. Estava a salvo conosco!

Passamos pela área de coisas a declarar, com a documentação dele toda pronta para inspeção. A pessoa que estava ali nos avisou que não havia ninguém da área da agricultura ali por ser muito cedo, e pediu que aguardássemos enquanto ele verificava que horas iriam chegar. Vimos o cara telefonar e logo ele veio nos fizer que não viria ninguém ali inspecionar a documentação nem o cachorro e que por isso poderíamos passar. Pois é, foram U$400 arrumando a documentação, stress e ver todos os detalhes, pra nada... mas, se não tivéssemos os documentos com certeza os teriam pedido.

Ficamos em São Paulo por 2 dias, na casa de uma grande amiga, que também tem cachorro. Eles não se deram muito bem no mesmo espaço, então nós resolvemos ir logo pra Floripa. De última hora reservei uma pousada num lugar do Paraná chamado Morretes, que aceitava cachorro. Foram cerca de 6 horas de viagem até lá, com pouco trânsito, Mesmo assim chegamos acabados... Mas a estrada da Graciosa, que liga a BR sul até Morretes tem paisagens lindas da Mata atlântica. Tem um passeio bastante famoso de trem entre Curitiba e Morretes, que não chegamos a fazer, que dizem ser bem legal.

Pro Enee esta pousada foi tudo de bom. Era um chalet com bastante espaço verde por todos os lados, pra ele correr. Tinha também a companhia de outros cachorros pra brincar. Era um lugar bem tranquilo.



No dia seguinte fomos fazer um passeio por uma cachoeira ali perto, onde o Enee nadou um pouco.



 Depois almoçamos no centrinho de Morretes, um lugar bastante charmoso, bastante preparado para receber os turistas que chegam de Curitiba pelo trem. Tem bastante restaurantes e lojas vendendos cachaça, artesanato local e comidinhas produzidas por ali.






Almoçamos num restaurante excelente bem na beira do rio, de nome Casa do Rio. Recomendo almoçar lá, numa das mesas exatamente "no rio", um tablado de madeira de onde se pode colocar os pés na água. O André comeu barreado, um prato de carne com farinha e banana, da culinária local, e eu comi camarão, se não me engano.

Logo foi hora de começarmos a viagem pra Floripa, que seria de cerca de 6:30hs. A paisagem não tinha nada de interessante no caminho, então continuamos a ouvir o audiobook da Michelle Obama até chegarmos de Floripa, já de noitinha. Foi um alívio ver a Ponte Hercílio Luz toda iluminada pro natal. Logo estávamos na casa dos meus pais, a quem não via desde 2020 quando começou esta maldita pandemia. Chegamos cansados, mas bem. O Enee dormiu na cama da minha mãe, de tão cansado.

Enee com meu sobrinho Gabriel


 https://youtu.be/3GAaXp7LJ-0

Friday 3 December 2021

De Boston a Floripa de carro - Parte 2

O próximo dia de viagem seria o mais comprido de todos, e sem eventos nem visitas interessantes. Foram 9 horas dentro do carro e mais de 600km de Washington DC até a Georgia, passando por Virginia e as Carolinas do Norte e do Sul.

É bastante interessante ver a mudança não só nas paisagens e clima a medida que "descíamos", mas também nas lojas, supermercados, atitude e jeito de se vestir das pessoas. Na Carolina do Sul, o número de negros parece ser maior que o de brancos, o que eu não sabia ser o caso. Eles têm, infelizmente, bastante problemas graves com racismo.

A pernoite foi num hotel qualquer no sul da Geórgia, sendo que na manhã seguinte começamos cedo a viagem até Orlando, na Flórida. Resolvemos tomar café da manhã e Savannah, o que não fazia parte do nosso roteiro, mas como estávamos ha 20 minutos de lá, resolvemos conhecer. Valeu a pena, pois é uma cidade com um centrinho bastante charmoso. O parque Forsyth é lindo, com carvalhos gigantescos, cobertos de barbas-de-bode, que formam alamedas charmosas ladeadas de barraquinhas de comidas locais, pessoas passeando com cachorros, praticando esportes, aproveitando o dia de sol e clima ameno. Compramos um café pra beber enquanto andávamos pelo parque, admirando tudo, inclusive as lindas casas vizinhas ao parque, todas muito antigas e típicas com varandas no segundo andar, decoradas com cadeiras de balanço e samambaias.






Perto de Jacksonville paramos num parque de cachorros fantástico, chamado Dog Wood Park of Jacksonville, com bastante espaço cercado por onde cachorros correm livres e soltos. Tem um lago pra eles nadarem, uma mini-floresta e diversos brinquedos e campos. O Enee amou! Ele merece depois de ter passado tanto tempo dentro do carro.

Lago do parque dos cachorros


Mas tivemos que prosseguir viagem, em direção a Melbourne, onde nossa amiga Fabíola nos esperava na casa dela com o marido e o filho. Os 2 cuidaram do Enee pra nós diversas vezes durante viagems, quando eles moravam em Massachusetts. Foi bom revê-los.

No dia seguinte nosso objetivo era cansar o Enee em preparação pra viagem de avião. Eu fiquei um tempão procurando uma praia que aceitasse cachorro. Achei no Google a tal Canova Beach Park, perto de Melborne. Chegando lá, pra nossa decepção, apesar de cachorros poderem ficar na praia, eles não podem ficar soltos, o que era completamente inútil pro nosso objetivo. Resolvemos meio que ignorar isso e nos afastamos das pessoas pra jogar uma bola pra ele correr na areia. Pra não exagerar, não ficamos tanto tempo quanto gostaríamos. Depois almoçar num restaurante na beira do mar bem legal (comida nem tanto), fomos pra casa arrumar as coisas e dar banho no Enee em prepação pra viagem.



Chegamos no aeroporto de Orlando cerca de 3 horas antes do vôo pra fazer o check-in. O que demorou foi o processamento do pagamento da taxa pra levar cachorro (até agora não sei por que). O aeroporto de Orlando é um lixo, devo dizer. Impossível achar carrinhos pra bagagem, ficava tocando um alarme ensurdecedor o tempo inteiro, o que era irritante e assustava o Enee, o pessoal da Latam não fala português e mal fala inglês (não falar inglês é inaceitável), o que dificultou a comunicação quando a incompetente da mulher que nos acompanhou até o TSA pra eles verificarem a casinha de viagem do Enee nos falou que já era tarde e não poderíamos viajar com ele. O cara da TSA falou pra ela (que possivelmente não entendeu) que caso fosse fora de horário o supervisor dela poderia ligar pra um determinado número pra que viesse alguém o TSA atender, e que ela deveria saber disso. Mas com a cara de tonta dela, nunca vai ser capaz de atender alguém com o mínimo de inteligência.




Bom, cachorro embarcado, só nos restou nós nos dirigirmos até o portão de embarque, já na hora de entrar no avião. Uma vez lá dentro. pedimos pra aeromoça confirmar com o piloto que o Enee estava a bordo, o que ela o fez. Nos restou então tentar relaxar e tentar dormir.

Vídeo desta parte da viagem https://youtu.be/pj36zMpqU1k

Wednesday 1 December 2021

De Boston a Floripa de carro - Parte 1

Por onde começo meu relato desta viagem, pela incepção, pelo planejamento, ou conto somente da viagem em si? Diferentemente das viagens anteriores, esta foi tão difícil decidir e planejar  que parece injusto não explicar os obstáculos pelos quais passamos e como resolvemos cada um.  

Por que decidimos ir ao Brasi ainda durante a pandemia?

Nosso visto de entrada dos EUA precisava ser renovado. O visto que nos permite estar e trabalhar nos EUA é valido até 2023, mas sem o visto de entrada (são coisas diferentes diferentes) estávamos "presos" lá. Se saíssemos, não entrávamos de novo. Renovar o visto de dentro dos EUA é possível, mas é um processo bastante demorado, durante o qual não podemos sair do país. Outra opção seria ir para um país com consulado, mas as instruções passadas para nós pelos advogados de imigração é que o façamos ou do nosso país natal, ou de algum país onde tenhamos vínculos fortes (como Inglaterra, por exemplo, de onde já fizemos este processo de renoação). Renovar este visto no Brasil fazia sentido pra gente, pois já aproveitamos pra ver nossas famílias.

Por causa da pandemia, o tempo de processamento do visto era incerto, poderia levar 2 semanas ou mais. De repente 2 meses. Por isso resolvemos levar o Enee conosco para o Brasil. Como deixá-lo por 2 meses?

Viajar de avião com cachorro não é coisa simples. Passei diversas semanas pesquisando tudo o que era necessário para levá-lo conosco: certificados de vacinação, certificado de saúde internacional, exigências da USDA, da CDC, as autoridades brasileiras, da empresa aérea, quanto tempo de antecedência da viagem cada documento deveria ser produzido e por quanto tempo são válidos.

Planejamos nossa viagem de forma que pudéssemos fazer de carro os trechos onde fosse possível pra deixar a viagem menos estressante pro Enee, e aí já aproveitávamos pra conhecer alguns lugares dos EUA, esse país gigante como o Brasil.

Nosso roteiro foi Washington DC, South Carolina, Orlando, São Paulo, Paraná, Florianópolis, em cerca de 8 dias. Orlando a São Paulo foi feito de avião com a Latam. 

Muitas pessoas fazem a viagem de Massachusetts até Orlando de carro em 2 dias, mas nós não queríamos passar mais que 8 horas dentro do carro num mesmo dia. 

Já havíamos conversado sobre visitar Washington DC numa outra oportunidade, mas não rolou. Desta vez era caminho, então fazia sentido conhecer a capital deste país controverso e fascinante. O carro estava lotado com 4 malas grandes, duas malas pequenas e a casinha do Enee (onde ele viajaria pro Brasil). A viagem de carro foi longa, cerca de 8:30hs, com paradas estratégicas para esticar as pernas e comer alguma coisa. Nossa trilha sonora durante a viagem foi o audiobook da Michelle Obama.

No carro em direção a DC

Chegamos de noite em DC e fomos direto pro hotel, de onde o André e Enee saíram pra passear pro cachorro descansar do carro.



No dia seguinte de manhã fomos direto visitar a biblioteca do congresso, para a qual eu tinha antecipadamente reservado ingressos online. 
Hall da biblioteca do congresso

A entrada é gratuita, mas a sala de leitura (ao lado), que é bem bonita, não é parte da visita. Digo, pode-se vê-la de cima, mas não se pode ir dentro da sala de leitura. Existem vários elementos da história americana lá dentro, como o fundador, em quais circunstâncias ela foi fundada, exposições, etc. Foi o único prédio em DC que visitamos de dentro. São tantos museus e coisas pra ver, que facilmente poderíamos ter passado diversos dias lá.

Voltamos ao hotel pegar o Enee e passamos o resto do dia caminhando pelas principais áreas de DC, como o Capitólio (fechado para visitação desde a tentativa de golpe de Janeiro 2021), os prédios ao redor como os diversos ministérios. Todas as construções são bastante imponentes.

A próxima parada foi a Casa Branca, que só pudemos ver de trás porque o campo na frente dela estava fechado devido a um evento que aconteceria mais tarde, de acender as luzes de natal da árvore que fica na frente dela.

Tivemos bastante sorte com o clima, pois foi um dia de sol e temperatura bastante amena, cerca de 17 graus. inclusive passei um pouco de calor. O bom foi que ao contrário da alta temporada, não havia multidões por todos os lugares, então deu pra nós conhecermos tudo com calma e bater fotos "limpas".









Passamos pelo memorial da segunda guerra, o memorial do Lincoln, do Martin Luther King, do Roosevelt (com o cachorro dele fazendo parte do memorial - foi o meu preferido!), do Thomas Jefferson, passamos pelo parque na frente do museu Smithonian (não entramos), chegando de novo na frente do Capitólio já de noitinha, vendo tudo iluminado pelas das luzes do entardecer, incluindo a árvore de natal ali na frente.



Depois de ter passado o dia caminhando, o Enee desabou na cama e não queria saber de mais nada a não ser descansar, igual a nós. E assim, nos despedimos de Washington DC. 


Vídeo da parte 1 da viagem   https://youtu.be/yeariEH3iq0

Visita a Ilha do Campeche

 Sabe aquela história que se repete em todos os lugares, onde as pessoas só fazem turismo em lugares que não são onde elas moram? Existem pa...